quinta-feira, 17 de março de 2011

O romance da chibata e do lombo do preto

(Dedicado a Ali Kamel)

Vivia feliz a chibata
Seu romance com o lombo do preto!
Vivia feliz a mansão
Com o barraco do preto no gueto!

Mas a esquerda, invejosa, pensou:
"Ai, que inveja de tanta harmonia!
Vou inventar a palavra "racismo"
E espalhar meu fel na alegria!"

E o chicote, que até então não doía,
Passou a muito incomodar!
Foi a esquerda que espalhou raiva
E fez carinho assim machucar!

Se ninguém diz que há gato no saco
Então gato no saco não tem.
Como é pós-moderna a direita
Quando o relativismo convém!

domingo, 6 de março de 2011

O homem que não matou a mulher


No one knows what its like, to feel these feelings,
Like I do, and I blame you. 

(Behind Blue Eyes - The Who)


Meu caminhar aleijado
Cruzado por suas trilhas fáceis.
Penso enfim voar.
Sou paisagem.

Vem o estupro do equívoco:
Devo devolver o raio
Do sol que entrou no verde.
Desenraizar de mim.

Puxo a raiz:
Cicatriz. Ramificado,
O vazio plantado.  

Analiso: à distância
Surge um sorriso.
Os dentes já longe,
Cravados precisos.

Estou trancado
Do lado de ontem.
Chove.
Sua porta passada.

Chovo de raiva
E estendo a mão seca.
Sorrio azul.

Arrasto o ontem,
Perna morta no corpo.
Na mente.
Tropeço.

Ali sou ainda
Um de nós dois.
Penso se há outros:
Teus jogos escrotos.

Vem o estúpido epílogo.
Devo devolver o raio
Do só que estou ao ver-te?
Desenraivizar de mim?

Te vejo de pé por aí.
É que as balas engoli,
Todo o tambor.

Mais um ano, amor,
Mais um ano não passou.

Ódio, seja útil
E torne-se um câncer.