sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Eu não sei não existir

Acordo na vida de um homem
Que guarda o seu salário,
Constrói o futuro
Em volta do furo,
Do escuro trancado no armário.

Me arrasto da cama com o homem
Que espera o seu coletivo
E tem raiva ainda
E mastiga a vida
Que hoje é seu próprio motivo.

Acordo na cama de um homem
Que transa com a namorada.
Ele me repele,
Mergulha na pele,
Me empurra de volta pro nada.

Eu não sei não existir.
Eu não sei não existir.

Surpreendo o riso de um homem
E não entendo a graça que via
E o riso está solto no espaço
Como peça solta, um pedaço.
Do que é que a cinza se ria?

Acordo na vida de um homem
E sou um tapa não dado
E digo o que eu queria
E ninguém interrompia
E o que vim buscar no mercado?

Eu tiro do sono a um homem
Que apenas queria sumir.
E mantenho o olho aberto
E o retenho por perto
E aperto a prisão de existir.

Eu não sei não existir.
Eu não sei não existir.
Eu não sei.
Eu não sei não existir.

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