Se o coração precisar desabafar
Lembre-se que os amigos estão aí.
Se o coração precisar desabafar
Esta chamada está sendo encaminhada.
Se o coração precisar desabafar
Não se encontra no momento.
Se o coração precisar
Essa bebida contém quarenta por cento
Se o coração precisar
Não ligue ainda, junto com a faca vem
Se o coração precisar
Seremos sete bilhões em
Se o coração precisar
Seu blog visita o meu também
Se o coração precisar
Esta chamada está sendo en
Se o coração precisar
Os ciliados se movem por filamentos
Se o coração precisar
As forças geológicas levaram quatrocentos
Se o coração precisar
Esta chamada está sendo encaminhada.
Se o coração precisar
Esse medicamento provoca sonolência
Se o coração precisar
As confusões desse tira pra lá de
Se o coração precisar
O acidente envolveu cinco carros e
Se o coração precisar
Esta chamada está sendo encaminhada.
Esta chamada está sendo encaminhada.
Esta chamada está sendo.
Se o coração precisar desabafar
Aqui, eu preciso desligar.
sexta-feira, 2 de dezembro de 2011
domingo, 27 de novembro de 2011
Carinhos de pedra e perda
Acariciar,
Como quem tenta segurar
E se assegurar
Junto a um corpo feito em rocha.
Acariciar
Como quem tenta segurar,
Mas o abismo não é feito
De mão e pedra
O abismo é feito
De alma e queda,
Do descaminho dos carinhos
Resvalando em rocha
Na beirada de acabar.
E as coisas que dissemos
Eu as quis anotar
Em traços na minha carne a tombar
E então
A queda quase mão de pedra
Quase mais que segurar,
Quase não mais segurar.
E as marcas que fizemos
São carícias do despenhadeiro
Linguagem de pedra, de espinheiro
E de apedrejar.
E então, respirar,
Como quem deve calar,
Como quem deve segurar,
Mas eu respiro chão
E o abismo não é feito
De mão e pedra
O abismo é feito
De alma e queda
E de acordar
Num dia partido
E ter que levantar.
Acariciar,
Como quem quer segurar
E retomar
Um corpo a negar segurança.
Acariciar,
Como quem quer se segurar,
Mas o abismo não é feito
De mão e pedra
O abismo é feito
De alma e queda.
Mas levantei
E beijei a rocha amolecida
E a face amanhecida
Ajeitou minha camisa
E beijou o abismo da minha vida.
Bioluminescência
Mote: "Não há inspiração na calmaria...Esse é vc."
D.
"It will grow back like a starfish" - (Antony And The Johnsons)
Na penumbra, mergulhadas,
Duas criaturas atreladas gentilmente.
Aquarelas de pele mesclando vão
Duas mãos, dois muitos tons diferentes
Que surgem luminescentes,
Os da minha pele e a de
Da sua pele.
E há inspiração, sim, na calmaria,
E canto enfim a sua alegria
E, finalmente, a minha.
E nessa calma nadam olhos, mãos
E sons na penumbra vão,
Nadando no ambiente,
Os sons sob a minha pele segunda
Livres dos destroços de um tão-frágil
Que me afunda em distorção,
Os sons que são a minha alma de verdade
E nessa calma vão,
Os sons de cristal de sob a minha pele
E os de,
Da sua pele
Que se mesclando vão.
E há inspiração, sim, na calmaria,
E canto enfim a nossa calma
E finalmente, a alegria.
Acho tua boca,
Lar de tanto nunca e tanto não.
E teus olhos luzem na escuridão,
Bioluminescentes,
Onde sisuda fria vã teoria
Previa a vida sem condição.
E nessa alegria há inspiração
E o fundo dito maculado,
Envenenado em sua essência,
Brilha, suave, iluminado, filtra
Tanta dor e corrosão.
Na treva naufragada de um navio,
Criaturas iluminam o salão.
E há, sim, transmutação
Dos elementos que não são
(Embora nisso insista a escuridão),
Em sua essência, a treva
E o veneno do acidente
E luzem sendo mais que o ambiente,
Maiores que a situação, e encontrar-se vão
A formar a solução luzente.
Luzimos junto aos restos do acidente
Onde a vida declarada impossível, ausente,
Num copo pousa um trago fluorescente.
E há inspiração, sim, na calmaria,
E canto enfim e mostro a minha alma
E alegria, sou amor, sou gratidão,
Sou, finalmente, sou
Bioluminescente.
D.
"It will grow back like a starfish" - (Antony And The Johnsons)
Na penumbra, mergulhadas,
Duas criaturas atreladas gentilmente.
Aquarelas de pele mesclando vão
Duas mãos, dois muitos tons diferentes
Que surgem luminescentes,
Os da minha pele e a de
Da sua pele.
E há inspiração, sim, na calmaria,
E canto enfim a sua alegria
E, finalmente, a minha.
E nessa calma nadam olhos, mãos
E sons na penumbra vão,
Nadando no ambiente,
Os sons sob a minha pele segunda
Livres dos destroços de um tão-frágil
Que me afunda em distorção,
Os sons que são a minha alma de verdade
E nessa calma vão,
Os sons de cristal de sob a minha pele
E os de,
Da sua pele
Que se mesclando vão.
E há inspiração, sim, na calmaria,
E canto enfim a nossa calma
E finalmente, a alegria.
Acho tua boca,
Lar de tanto nunca e tanto não.
E teus olhos luzem na escuridão,
Bioluminescentes,
Onde sisuda fria vã teoria
Previa a vida sem condição.
E nessa alegria há inspiração
E o fundo dito maculado,
Envenenado em sua essência,
Brilha, suave, iluminado, filtra
Tanta dor e corrosão.
Na treva naufragada de um navio,
Criaturas iluminam o salão.
E há, sim, transmutação
Dos elementos que não são
(Embora nisso insista a escuridão),
Em sua essência, a treva
E o veneno do acidente
E luzem sendo mais que o ambiente,
Maiores que a situação, e encontrar-se vão
A formar a solução luzente.
Luzimos junto aos restos do acidente
Onde a vida declarada impossível, ausente,
Num copo pousa um trago fluorescente.
E há inspiração, sim, na calmaria,
E canto enfim e mostro a minha alma
E alegria, sou amor, sou gratidão,
Sou, finalmente, sou
Bioluminescente.
domingo, 21 de agosto de 2011
Objetos Identificados
Assim rimando eu vou chamando uma flor
E regando e alimentando essa flor.
E pra alimentar essa flor,
Enterro a altura medida numa forma
De sentir as coisas, que estrutura
Em catedral a noite estrelada
Na mente do menino que vai no carro com os pais
E procura fadas modernas, naves espaciais
E se muda em estranhas saudades siderais
De camadas mais altas de vida, talvez perdidas,
Talvez sonhadas, distorcidas.
Enterro a mente do menino de olhos no alto,
Enterro os reflexos que maquiaram o asfalto.
Enterro um ser de estradas, luzes,
Naves espaciais, suas notas elevadas,
As canções onde ficaram gravadas, orações,
E as que gravaram depois
Fases, casas, estações,
Sentimentos inúteis em fúteis variações,
Como o brilho do nada nos postes das auto-estradas.
Enterro os caminhos internos das canções,
São agora chaves sonoras de infernos pessoais.
Encerro de mim grandes, fundas extensões.
E pra afastar essa dor,
Transformo em mudo elemento o grito dessa estrutura
De corredores, passagens e descidas do sentimento, a criatura
Cuja mordida é passar-lhes por dentro e que eu fecho
Até florir o branco de um não sentir
Que é uma raiva de si, de existir, que é alimento
Para a flor que acalento.
E pra alimentar essa flor
Dei-lhe o que fechei num fora dentro.
Rearranjei as notas, tranquei as rotas
Girei pro outro lado as chaves sonoras,
Montei o circuito dos sons que se arrastam no umbral
Dispus a arquitetura mental nos vãos da criatura,
Isolei sua estrutura, criei a casca da cigarra
E o vazio do seu dentro, um dentro vazio
No meu dentro, meu novo, sombrio, centro
E deitei sobre as coisas concretadas
Com o silêncio emocional de uma guitarra
Se arrastando demorada.
E assim rimando eu vou chamando essa flor
E regando e alimentando essa flor
E pra alimentar essa flor,
Enterrei
O menino do espaço, dei à flor funérea
A sua matéria de luz,
Mas dando a volta com os meus braços
Transpunha a clausura, ia achar
No seu abraço um pedaço
Das luzes das naves espaciais,
Reflexos tortos das luzes
Das naves espaciais,
E nesse abraço aos pedaços,
Depois,
Estilhaços a mais
Pra além de luzes e braços.
E os estilhaços vou dando à flor,
Me cortando e alimentando essa flor.
E pra alimentar essa flor
Represo águas passadas:
Estar a pé no asfalto nu
E ouvir que escolhi essa estrada,
E te acusar de jogar
Com setas adulteradas.
Encontro no florir desse ser
Uma forma de não esquecer
Que pode ser carregada
E vou cultivando essa flor
Que ao represar silencia
A dor que assim cresce e floresce
E faz melhor e mais útil mal
Que navalha ou poesia.
E vou enterrando as luzes
Das naves espaciais
Pra alimentar essa flor
Com os pedaços das naves espaciais,
Com os cristais rachados
Dos abraços demorados, sublimes
E não tão sublimados,
Que não damos mais.
E de você me faltando
Eu vou regando essa flor.
E vou chamando essa flor
E regando e alimentando essa flor
Que em cor escura, ao florescer,
Fará a dor refugiada aparecer
Radiografada em novo ser.
Essa flor invertida
É a forma traduzida de dizer
Que as luzes passaram
E as naves se revelaram
Reflexos no retrovisor.
Meu amor,
É inútil odiar e rimar
E eu me calo a germinar
Esse fruto de escura cor.
O isso que o verso reduz
A “amor que não pode ser”
Traduz no corpo o que o verso
Perverte em jargão e clichê,
Que morre no tolo rimar,
Mas vive em adoecer.
Dou à flor sem abrir mão,
À outras mãos em mim dou
Que não as que me entregam
No comentário ressentido, impedido na razão
No sentimento confesso, sempre em vão
No murro na parede, em substituição.
Às deformas desses vasos nego minha vazão
E me calo um calo que some em mim
O que não falo, que fala depois
Por mim, que assim tem permissão,
Que pode doer, enfim.
E assim calando eu vou nascendo essa flor,
Me calando e alimentando essa flor.
Essa flor não é arte.
A arte é pegada do ser que desceu
À treva analfabeta no fundo do eu,
Mágoa bruta mergulhada no breu
Onde não há flor, nem ser
(Nem breu), com restos
De objetos identificados
Que não eram estradas, nem naves,
Nem luzes, nem cristais,
Mas algo mais que não veio,
A não ser nos abraços
Que não damos mais,
E ali jaz, luz morta que alimenta
A raiz da flor cinzenta
Do meu mudo jardim,
A florir de volta pra dentro,
No escuro centro de mim,
O que abriu nas noites
De primavera enganada.
Eu não estou escrevendo um poema,
Nem estou cultivando uma flor.
Palavras caem desabitadas,
Deixadas por coisas
Que estão germinando
Enterradas.
quinta-feira, 14 de julho de 2011
Pedaços
Sentimentos.
Dentros que um tropeço da matéria
Deu às pedras,
Que agora são.
Que estiveram sempre no chão, mas então
Caíram.
Que sempre estiveram, mas então
Partiram.
Que estavam em toda a parte e agora estão
Perdidas.
Que não tinham medidas e agora são
Pedaços,
Duas linhas riscadas sobre um espaço
Que então é centro, é ponto
É coordenada
Do encontro com o nada.
Duas coisas inexistentes para si
Por dentro
Cruzadas de qualquer maneira
Num lugar que acorda e pensa
Ser uma terceira.
Corpos do acaso
Que não tinham todo
E agora são
Divisíveis.
Que não tinham corpo
E agora estão
Mutiladas,
Que não eram nada
Que não eram
E agora são.
E agora são.
E agora são.
E há coração.
E agora em vão.
Dentros que um tropeço da matéria
Deu às pedras,
Que agora são.
Que estiveram sempre no chão, mas então
Caíram.
Que sempre estiveram, mas então
Partiram.
Que estavam em toda a parte e agora estão
Perdidas.
Que não tinham medidas e agora são
Pedaços,
Duas linhas riscadas sobre um espaço
Que então é centro, é ponto
É coordenada
Do encontro com o nada.
Duas coisas inexistentes para si
Por dentro
Cruzadas de qualquer maneira
Num lugar que acorda e pensa
Ser uma terceira.
Corpos do acaso
Que não tinham todo
E agora são
Divisíveis.
Que não tinham corpo
E agora estão
Mutiladas,
Que não eram nada
Que não eram
E agora são.
E agora são.
E agora são.
E há coração.
E agora em vão.
quinta-feira, 30 de junho de 2011
A doceira
Estapeio na cara as crianças do porão
Que correm pra porta ao berros, pulando, rindo
Se lhes parece que outra vez vem vindo
A doceira embrulhada no doce,
No brilho do papel do doce,
No doce do papel.
A cicatriz nas crianças de carnes marcadas,
De carnes dadas aos dentes
De um mundo embrulhado em papel reluzente
Por doceira embrulhada em papel de atriz,
A cicatriz
As crianças não sabem quem fez.
Seus pedaços estavam em mim, lhes doparam,
Tiraram um rim, lhes deram um sim
E entraram.
Amor,
Lembra o conto do espelho
O canto das almas iguais.
Amor,
Conta os pontos no espelho
Margeando o sorriso que olhais.
Amor, olha o traço riscado
Que vai contigo aonde vais.
Olha o riso traçado
Por quem não vai voltar mais.
Amor, olha o fio
Amor, olha o fio
No brilho em papel de bala.
Amor, afoga a esperança,
Amor, afoga a esperança,
Enforca as crianças na sala.
quinta-feira, 17 de março de 2011
O romance da chibata e do lombo do preto
(Dedicado a Ali Kamel)
Vivia feliz a chibata
Seu romance com o lombo do preto!
Vivia feliz a mansão
Com o barraco do preto no gueto!
Mas a esquerda, invejosa, pensou:
"Ai, que inveja de tanta harmonia!
Vou inventar a palavra "racismo"
E espalhar meu fel na alegria!"
E o chicote, que até então não doía,
Passou a muito incomodar!
Foi a esquerda que espalhou raiva
E fez carinho assim machucar!
Se ninguém diz que há gato no saco
Então gato no saco não tem.
Como é pós-moderna a direita
Quando o relativismo convém!
Vivia feliz a chibata
Seu romance com o lombo do preto!
Vivia feliz a mansão
Com o barraco do preto no gueto!
Mas a esquerda, invejosa, pensou:
"Ai, que inveja de tanta harmonia!
Vou inventar a palavra "racismo"
E espalhar meu fel na alegria!"
E o chicote, que até então não doía,
Passou a muito incomodar!
Foi a esquerda que espalhou raiva
E fez carinho assim machucar!
Se ninguém diz que há gato no saco
Então gato no saco não tem.
Como é pós-moderna a direita
Quando o relativismo convém!
domingo, 6 de março de 2011
O homem que não matou a mulher
No one knows what its like, to feel these feelings,
Like I do, and I blame you.
(Behind Blue Eyes - The Who)
Meu caminhar aleijado
Cruzado por suas trilhas fáceis.
Penso enfim voar.
Sou paisagem.
Vem o estupro do equívoco:
Devo devolver o raio
Do sol que entrou no verde.
Desenraizar de mim.
Puxo a raiz:
Cicatriz. Ramificado,
O vazio plantado.
Analiso: à distância
Surge um sorriso.
Os dentes já longe,
Cravados precisos.
Estou trancado
Do lado de ontem.
Chove.
Sua porta passada.
Chovo de raiva
E estendo a mão seca.
Sorrio azul.
Arrasto o ontem,
Perna morta no corpo.
Na mente.
Tropeço.
Ali sou ainda
Um de nós dois.
Penso se há outros:
Teus jogos escrotos.
Vem o estúpido epílogo.
Devo devolver o raio
Do só que estou ao ver-te?
Desenraivizar de mim?
Te vejo de pé por aí.
É que as balas engoli,
Todo o tambor.
Mais um ano, amor,
Mais um ano não passou.
Ódio, seja útil
E torne-se um câncer.
quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011
Rei africano
É um amor.
Anda à minha sombra,
Calado.
O meu criado.
Um rei africano
Em trajes barrocos,
Cativado,
Esperando o sinal
Do amo.
Bem comportado.
Mas não se iluda:
Reinaria se pudesse.
Se tivesse
Não a virtude
Que admiras,
Hipócrita,
Em marfim, crucificada,
Mas, como o marques,
Teu coração,
Aquilo que o fez
Negro,
Escravizado.
E a meu criado
Sobre algo pagão,
Marquesa, eu ensino
Que se esconde
No mundo cristão.
E o português.
Pra ele, te ouvindo
Falar do dono
Do seu coração,
Isto saber:
É melhor ser rei
Que irmão.
(2004)
segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011
Instrumento
Deve ao amor,
Como deve o empregado
O valor da ferramenta
Ao patrão,
Ao amor
Deve a dor
Seu instrumento.
Deve ao vazio,
Como deve o empregado
O valor da ferramenta
Ao patrão,
Ao vazio
Deve o amor
Seu instrumento.
Deve ao vazio e à dor,
Como deve o empregado
O valor da ferramenta
Ao patrão,
Ao vazio e à dor
Deve o manipulador
Seu instrumento.
quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011
Irmã
Será uma maldição, irmã?
Irmã perante a sombra,
Será uma proteção?
Trazer partido o sentimento,
Essa insatisfação?
Será real o sofrimento?
Ou uma nossa criação?
De que lugares caímos,
Assim tão estrangeiros?
Algum dia, irmã,
Teremos sido inteiros?
Teremos tentado, irmã,
Esconder algo?
Teremos conseguido?
Temos sempre metade
Porque não somos inteiros?
Ou será, irmã,
Que a falta faz parte?
(2004)
Irmã perante a sombra,
Será uma proteção?
Trazer partido o sentimento,
Essa insatisfação?
Será real o sofrimento?
Ou uma nossa criação?
De que lugares caímos,
Assim tão estrangeiros?
Algum dia, irmã,
Teremos sido inteiros?
Teremos tentado, irmã,
Esconder algo?
Teremos conseguido?
Temos sempre metade
Porque não somos inteiros?
Ou será, irmã,
Que a falta faz parte?
(2004)
terça-feira, 25 de janeiro de 2011
O Salão da Rainha
Poema O Salão da Rainha, declamado em uma das edições do Penumbra, evento de poesia e música dark realizado periodicamente na Casa Cultural Matriz (Belo Horizonte).
sexta-feira, 21 de janeiro de 2011
Eu não sei não existir
Acordo na vida de um homem
Que guarda o seu salário,
Constrói o futuro
Em volta do furo,
Do escuro trancado no armário.
Me arrasto da cama com o homem
Que espera o seu coletivo
E tem raiva ainda
E mastiga a vida
Que hoje é seu próprio motivo.
Acordo na cama de um homem
Que transa com a namorada.
Ele me repele,
Mergulha na pele,
Me empurra de volta pro nada.
Eu não sei não existir.
Eu não sei não existir.
Surpreendo o riso de um homem
E não entendo a graça que via
E o riso está solto no espaço
Como peça solta, um pedaço.
Do que é que a cinza se ria?
Acordo na vida de um homem
E sou um tapa não dado
E digo o que eu queria
E ninguém interrompia
E o que vim buscar no mercado?
Eu tiro do sono a um homem
Que apenas queria sumir.
E mantenho o olho aberto
E o retenho por perto
E aperto a prisão de existir.
Eu não sei não existir.
Eu não sei não existir.
Eu não sei.
Eu não sei não existir.
Eu não sei.
Eu não sei não existir.
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